sexta-feira, 1 de julho de 2011

Safo


         Poetisa e educadora nascida em Mitilene, na ilha de Lesbos. Rivalizou com o poeta Alceo e, junto com ele, representa a criação da poesia lírica grega, em contraposição à poesia épica (Homero).
      Sendo devotada à deusa Afrodite, essa influência fez de Sapho uma artista e pedagoga de múltiplas linguagens. Ensinava às suas discípulas (chamadas hetairai = amigas, tratando-as como iguais e não como uma mestra, acima de suas alunas), além do que as demais escolas ensinavam: a leitura, a escrita – e nessa, a poesia, também as artes da sedução, como a dança e os detalhes da postura, do olhar, do perfume, o toque... o conjunto do ambiente em que a mulher devia dominar para reinar em sua família. As mulheres que foram suas discípulas tinham-lhe devoção e os homens que começaram a ver em suas esposas qualidades e por elas se enamorarem, também tinham-lhe admiração. Em meio a tantos inimigos, eram muitos e poderosos os que lhe eram gratos e protegiam-na.
        Orgulhosa do prodígio de suas alunas, observando nas mulheres a inteligência e a grandeza dos sentimentos somada à agradabilidade do convívio, Sapho passou a ter sua vida sexual somente dedicada às mulheres, o que também lhe garantia não perder a independência que adquirira – já que cada vez mais ganhava dinheiro e prestígio, e também por sua crença pessoal de que o amor devia ser o caminho natural ao sexo – e não somente a perpetuação da espécie – até mesmo independendo desse fator.
            Não foi discriminada por esse motivo, pois não era considerado que a afetividade e troca de carícias entre mulheres pudesse ser uma relação social de acasalamento resultando numa vida a duas (como é a tendência do homossexualismo feminino atual), mas um preparo para posterior encontro de uma mulher com seu homem, tornando-a mais hábil para que dela, esse se agradasse, favorecendo aos dois, pois eis que o homem se encantava de sua mulher e, assim, essa era elevada da condição comum das mulheres de sua época. Além disso, sua conduta era associada à deusa Afrodite, por sua inteligência e astúcia, pela beleza inigualável, sendo ela mesma considerada um símbolo da deusa do amor, sua sexualidade livre não foi bem aceita em muitas mentes castradas e racionais do período, mas isso não impediu que sua popularidade se estendesse, com suas ideias causando curiosidade e surpresa, influenciando também os costumes de toda a Grécia e de outros povos da Antiguidade Clássica.
"Semelhante aos deuses parece-me que há de ser o feliz
mancebo que, sentado à tua frente, ou ao teu lado,
te contemple e, em silêncio, te ouça a argêntea voz
e o riso abafado do amor. Oh, isso - isso só - é bastante
para ferir-me o perturbado coração, fazendo-o tremer
dentro do meu peito!
Pois basta que, por um instante, eu te veja
para que, como por magia, minha voz emudeça;
sim, basta isso, para que minha língua se paralise,
e eu sinta sob a carne impalpável fogo
a incendiar-me as entranhas.
Meus olhos ficam cegos e um fragor de ondas
soa-me aos ouvidos;
o suor desce-me em rios pelo corpo, um tremor (...)

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